A mentalidade prepper vai muito além de estocar comida ou ter um kit de emergência. É uma filosofia de vida baseada em autossuficiência, resiliência e antecipação de riscos. Enquanto em países como EUA e Suíça essa cultura é mais difundida, no Brasil ela ainda é vista com certo ceticismo – muitas vezes por desconhecimento.
A previsibilidade de determinados eventos, principalmente os climáticos, treinou nações e seus habitantes a adorarem medidas que garantem a sobrevivência de todos e a continua ordem, sem comprometer financeiramente o país e estruturando o abastecimento próprio e de sua comunidade.
- Autossuficiência como Prioridade
Preppers globais acreditam que depender o mínimo possível do sistema é a melhor forma de garantir segurança. A lentidão de uma estrutura governamental pode ser um desafio em um cenário ampliado de desastres. Medidas de prioridades são estabelecidas e nunca todo mundo é atendido de forma eficiente e célere como deveria ser, então tomar medidas que previnam e desafogam qualquer desconforto que envolva depender de alguém é essencial, isso inclui:
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- Produzir parte da própria comida (hortas, criação de pequenos animais);
- Ter fontes alternativas de energia (solar, geradores);
- Saber consertar coisas básicas (eletricidade, encanamento);
- Conhecimento básico de primeiros socorros etc.
- Antecipação de Cenários de Crise
Preppers não esperam o pior acontecer – eles se preparam para ele. O monitoramento de preocupações locais e globais passa a ser rotina de quem está comprometido em sobreviver. Não como um exercício masoquista de tensão e estresse, mas como um lutador ou estrategista prevenido que observa os movimentos de seu adversário, antecipando-se e criando respostas que anulem ou mitiguem os efeitos sobre si. As principais preocupações são:
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- Desastres naturais (terremotos, furacões, enchentes).
- Crises econômicas (hiperinflação, desemprego em massa).
- Colapsos sistêmicos (falhas no abastecimento, apagões prolongados).
Frente a todos esses eventos, o adequado é ter um plano traçado de resposta a fim de aliviar o desconforto, desespero e desorganização que fatalmente ocorre nesses eventos, porque acredite, em algum momento, eles acontecem ou irão acontecer.
- Treinamento Constante
Conhecimento é tão importante quanto equipamento. Estudar e praticar habilidades de sobrevivência são fundamentais em momentos de crise e precisa ser feito justo e exatamente nos momentos de não crise. Dedique um tempo para você e sua família trabalharem em grupo para o aprendizado de atividades como:
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- Primeiros socorros.
- Navegação sem GPS.
- Purificação de água.
- Defesa pessoal (em países onde é permitido).
- Comunidade e Rede de Apoio
Preppers não são necessariamente “lobos solitários”. Cenários imaginativos e cinematográficos de caos completo e rivalidade humana a todo custo em eventos de desespero não necessariamente descrevem os eventos da vida real (faremos um artigo só sobre isso). A tendência de cooperação e auxílio é muito mais comum do que se pensa e se relacionar é fundamental para os acontecimentos posteriores de um cenário dramático de crise coletiva.
Compartilhar das mesmas preocupações com pessoas que também se interessam pela preparação, mesmo que em localidades ou até mesmo países diferentes, enriquece a discussão e desenvolve ferramentas e técnicas mais eficazes para a resolução de problemas e forma de atuação durante eventos. Ter uma rede de apoio, é fundamental para o incentivo e desenvolvimento de instinto prepper, já que a experiência alheia ensina tanto quando a nossa própria. Não a nada que não possamos ensinar e deixar de aprender.
Como desenvolver a mentalidade Prepper
Tudo começa pelo simples! Muita gente já começa a se enrolar em conceitos e noções equivocadas de sobrevivencialismo extremo, e querem aprender e comprar tudo da noite para o dia, tropeçando desde o início no fundamento básico da preparação: discrição e praticidade. Tudo começa no local onde você mora com os desafios que você pode encontrar, além daquilo que você já tem ou não.
Então vamos começar pelo básico:
- Ter uma lanterna e baterias a mãos;
- Kit de emergência;
- Mochila prepper para 72h de evacuação de moradia;
- Treinamento familiar para pontos de encontro ou contato de emergência;
- Monitoramento de noticiários;
- Curso de primeiros socorros.
Cada uma dessas atividades listadas acima exige tempo de preparo, logo a aquisição dessas conquistas já é o treino da mentalidade em si. Elas parecem simples, mas comprar baterias incompatíveis ou insuficientes com suas necessidades não atinge autossuficiência. Não saber para onde ir ou quais rotas de fuga são melhores dentro ou fora da sua cidade também peca na antecipação de cenários. Todos esses processos exigem tempo de aprendizado e o melhor dia para começar é sempre hoje.
A Mentalidade Prepper no Brasil – Desafios e Adaptações
No Brasil, a cultura prepper ainda é incipiente, mas vem crescendo – especialmente após eventos como a pandemia de COVID-19, apagões e crises econômicas. No entanto, existem desafios específicos que exigem adaptações.
- a) Falta de Cultura de Preparação
- Muitos ainda acham que “isso nunca vai acontecer comigo”.
- Falta de políticas públicas que incentivem a autonomia (como nos EUA ou Suíça).
- b) Dificuldades Financeiras
- Grande parte da população vive com orçamento apertado, dificultando estoques.
- Solução: Começar pequeno (comprar um item extra por mês).
- c) Clima e Infraestrutura
- Calor e umidade estragam alimentos mais rápido.
- Falta de espaço em apartamentos pequenos.
- Solução: Armazenamento a vácuo e uso de sílica gel.
- d) Violência Urbana
- Estoques podem ser alvo de roubos em crises.
- Solução: Discrição e compartimentalização (não guardar tudo no mesmo lugar).
Muitos associam preppers a “teóricos da conspiração”, mas a realidade é que:
✅ Governos sérios incentivam a preparação individual (como a FEMA nos EUA).
✅ Crises recentes (pandemia, apagões) mostraram que quem se prepara sofre menos.
✅ No Brasil, onde o Estado é lento, a autossuficiência salva vidas.
Eduque-se – Aprenda sobre riscos locais (enchentes, apagões, crise econômica).
Comece pequeno – Um kit básico já é um grande avanço.
Pense a longo prazo – Autossuficiência é um processo, não algo que se conquista da noite para o dia.
Conecte-se com outros preparadores – Troque experiências e conhecimentos.