Prepper, primeiramente, não é o que ou algo, mas quem! O termo é uma mudança linguística de pronúncia do termo em inglês “preparers”, que significa preparadores, aqueles que se preparam, logo referindo-se a qualquer pessoa que ativamente antecipa ações e medidas com um objetivo claro de se evitar algo.
Este algo é muito específico ao contexto desta palavra. Culturalmente muito comum em países com cenários climáticos e geologicamente desafiadores, os preppers são pessoas que deliberadamente tomam iniciativas de preparação frente a eventos sazonais até os mais extremos, a fim de sobrevivência.
A observação que se faz é que tal objetivo consequentemente leva às pessoas a tomarem uma série de decisões que passaram a ser fundamentais e treináveis a ponto de nações inteiras terem protocolos de orientação para enfrentar grandes adversidades que desafiam a preservação humana. Atitudes como estocagem de alimentos e objetos, plano de fuga, objetos de uso diário, bolsas ou malas prontas para evasão, passaram a ser regras básicas e culturais de pessoas e nações que querem manter suas vidas e dos seus preservadas diante dos mais diversos desafios, muitas vezes, fora do seu controle.
Vejamos alguns desses cenários:
A) Furacões e Ciclones
- Exemplo: O Furacão Katrina (2005) mostrou como um desastre pode paralisar uma das nações mais ricas do mundo. Mesmo com alertas antecipados, milhares ficaram sem água, energia ou ajuda governamental por dias.
- Política Pública Relacionada: Nos EUA, a FEMA (Agência Federal de Gestão de Emergências) exige que cidadãos em zonas de risco tenham kits de emergência com água, comida e medicamentos para pelo menos 72 horas
B) Terremotos e Tsunamis
- Exemplo: O Terremoto e Tsunami no Japão (2011) causou o colapso de cidades inteiras e até mesmo o desastre nuclear de Fukushima. Apesar da alta tecnologia do país, muitos sobreviveram graças a treinamentos regulares e estoques caseiros.
- Política Pública Relacionada: O Japão realiza simulados anuais obrigatórios em escolas e empresas e incentiva a população a manter “kits de sobrevivência” em casa, incluindo rádios à manivela e reservas de água.
C) Enchentes e Deslizamentos
- Exemplo: No Brasil, as enchentes em Petrópolis (2022) e as tragédias em Santa Catarina (2008 e 2011) mostraram como chuvas fortes podem matar centenas e deixar milhares desabrigados.
- Política Pública Relacionada: A Defesa Civil brasileira tem programas de alerta por SMS, mas a preparação individual ainda é fraca. Em países como a Holanda, onde inundações são uma ameaça constante, há sistemas de diques e treinamentos obrigatórios para a população.
D) Secas e Falta de Água
- Exemplo: A crise hídrica em São Paulo (2014-2015) quase levou o estado ao racionamento extremo. Famílias que tinham caixas d’água extras ou poços artesianos sofreram menos.
- Política Pública Relacionada: Na Austrália, o governo incentiva a captação de água da chuva com descontos fiscais, enquanto em Israel, o reuso de água é obrigatório em várias indústrias.
E) Crises Econômicas e Hiperinflação
Historicamente, economias instáveis levam ao desabastecimento.
- Exemplo: Venezuela (2016-presente) e Argentina (décadas de inflação).
- Política Pública Relacionada: Na Suíça, o governo recomenda que cada cidadão tenha estoque de alimentos para 3 meses, uma prática herdada da Guerra Fria.
F) Falhas na Infraestrutura (Apagões, Colapso no Abastecimento)
- Exemplo: Apagão no Amapá (2020) deixou o estado sem energia por 22 dias.
- Política Pública Relacionada: Canadá e países nórdicos incentivam a geração de energia off-grid (solar, geradores) em áreas remotas.
Ser prepper não é esperar o fim do mundo, mas sim estar pronto para enfrentar crises inevitáveis. Países desenvolvidos já adotam políticas que incentivam a autossuficiência, e no Brasil, onde o Estado nem sempre consegue responder rápido, a preparação individual é ainda mais crucial, ao mesmo tempo que possui vastos recursos naturais e uma agricultura poderosa, também sofre com infraestrutura frágil, desigualdade social e uma série de ameaças naturais e humanas que tornam a mentalidade prepper não apenas útil, mas muitas vezes essencial para a segurança familiar.
Visto isso, temos desafios que precisam ser superados se quisermos ter sucesso nessa empreitada no nosso país:
A) Mentalidade de “Isso Nunca Vai Acontecer Comigo”
- Muitos brasileiros subestimam riscos, achando que o governo sempre resolverá.
- Falta de educação sobre preparação (não se ensina sobre estoques em escolas).
B) Dificuldade Financeira
- Grande parte da população vive no limite orçamentário, dificultando estoques.
- Solução: Começar pequeno (1kg de arroz/feijão extra por mês já faz diferença).
C) Falta de Infraestrutura Básica
- Muitas casas não têm espaço para armazenamento (apartamentos pequenos).
- Solução: Otimizar espaços (sob camas, armários altos) e priorizar itens compactos.
D) Clima Quente e Umidade
- Dificulta armazenamento de alimentos a longo prazo.
- Solução: Usar vácuo, sílica gel e locais arejados.
Essas são apenas abordagens iniciais que serão aprofundadas no nosso blog. No ano de 2025 (ano de escrita deste artigo), o cenário mundial humano encontra-se em profunda incerteza, seja do ponto de vista financeiro e geopolítico, como os desafios naturais que não dão trégua. Vemos a necessidade de, mais do que nunca, nos prepararmos, mesmo que individualmente ou comunitariamente, para ameaças reais que batem a nossa porta, muitas vezes sem avisar.
Você não precisa virar um “sobrevivencialista extremo” da noite para o dia. Pequenos passos – como um estoque básico, um plano de emergência e fontes alternativas de água e energia – já reduzem drasticamente sua vulnerabilidade. Não estamos sugerindo que o fim do mundo está próximo. A ideia não é viver com medo, mas sim com inteligência, estando cientes de que melhor ajuda, quem menos atrapalha e o menos atrapalhado é o que está melhor preparado.
Você está preparado?